segunda-feira, 2 de maio de 2011

Milho de pipoca.

Bons momentos para todos!
Olá pessoal, encontrei essa preciosidade e gostaria de compartilhar com vocês. Quantos de nós não somos esses piruás que fechados em nós mesmos recusamos e não aproveitamos o fogo da vida para "estourarmos e nos transformarmos?" Joguemo-nos ao fogo que nos queima, mas nos transforma, pois recusarmos a dor para não sofrermos, não adianta e sim atrasa nossa caminhada. Quão deliciosa é a pipoca após estourada apreciada e saborosa, doce ou salgada? Que possamos ser um milho a estourar alegria e beleza. 
Paz e amor para todos. Valéria Ribeiro.





          A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação porque devem passar os homens, para que eles venham a ser o que devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo que acontece depois do estouro.
          O milho da pipoca somos nós: duros, quebra-dentes, impróprios para comer. Pelo poder do fogo podemos, nos transformar em outra coisa. Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca para sempre.
          Assim acontece com a gente. As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica do mesmo jeito a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosas. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser é o melhor jeito de ser.
          Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder o emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, sofrimentos cuja causas ignoramos.
          Há sempre o recurso do remédio. Apagar o fogo. Sem fogo, o sofrimento diminui. E com isso a impossibilidade da grande transformação.
          Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro ficando cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura, fechada em si mesmo, ela não pode imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada.
          A pipoca não imagina aquilo de que ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo a grande transformação acontece: PUM! - e ela aparece como outra coisa completamente diferente que ela mesma nunca havia sonhado.
          Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A sua presunção e o medo são a dura casca de milho que não estoura. O destino delas é triste. Não vão se transformar, por enquanto, na flor branca e macia. Não vão dar alegria para ninguém enquanto tiverem essa postura. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam os piruás...
                  Rubens Alves - Jornal Correio Popular de Campinas (SP). Retirado da apostila de Filosofia do SE - CNEC.

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