A pessoa inteira é um ator, não um reator. O colunista Sidney Harris conta uma história em que acompanhava um amigo a banca de jornal. O amigo cumprimentou o jornaleiro amavelmente, mas como retorno recebeu um tratamento rude e grosseiro. Pegando o jornal que foi atirado em sua direção o amigo de Harris sorriu polidamente e desejou um bom fim de semana ao jornaleiro. Quando os dois amigos desceram pela rua, o colunista perguntou:
“Ele sempre te trata com tanta grosseria?”
“Sim, infelizmente é sempre assim”.
“E você é sempre tão polido e amigável com ele?”
“Sim, sou”.
“Por que você é tão educado, já que ele é tão indelicado com você?”
“Porque não quero que ele decida como eu devo agir”.
A implicação desse diálogo é que a pessoa inteira é “seu próprio dono”, não se curva diante de qualquer vento que sopra; ela não está à mercê do mau humor, da mesquinharia, da impaciência e da raiva dos outros. Não são os ambientes que a transformam, mas ela que transforma os ambientes.
Muitos de nós, infelizmente, nos sentimos como um barco que flutua à mercê dos ventos e das ondas. Não temos firmeza quando os ventos se enfurecem e as ondas se encrespam. Dizemos coisas do tipo “ele me deixou enfurecido, você me incomoda, seu comentário me embaraçou terrivelmente, esse tempo me deprime, esse trabalho me aborrece, só de vê-lo fico triste”.
Reparem que todas essas situações estão fazendo alguma coisa comigo e com minhas emoções. Nada tenho a dizer sobre a raiva, minha depressão ou minha tristeza. E, como todas as pessoas, me contento em culpar os outros, as circunstâncias, a falta de sorte. A pessoa inteira, como Shakespeare a descreveu em Julius Caesar, sabe que: ”A falha, caro Brutus, não está nas estrelas, mas em nós mesmos...”.
Podemos nos levantar acima da poeira diária que nos sufoca e nos cega: é exatamente isso que é pedido a cada um de nós em nosso processo de crescimento como pessoa.
Não se trata aqui de sugerir a repressão de emoções ou a negação da plenitude da vida em nossos sentidos e emoções. A sugestão é equilibrar e integrar as emoções. Na pessoa inteiramente viva não pode haver nem o entorpecimento nem a entrega incondicional aos sentidos e emoções.
A pessoa inteira escuta e está em sintonia com seus sentidos e emoções, mas a rendição a eles significa abdicar do intelecto e da escolha; e são exatamente essas faculdades que tornam os seres humanos algo além de animais irracionais e algo aquém dos anjos. Fonte: Português língua e cultura – Ensino médio – volume único – PNLEM 2009/2011 FNDE Ministério da Educação – Livro não consumível.
Queridos amigos, pode parecer que ando sem imaginação para construir meus textos explicitando minhas ideias, mas não é isso não. Sabemos que o assunto ao qual discorro neste blog é bastante rico e percebi que seria uma ótima oportunidade para apresentar textos que me fizeram muito feliz em apreciá-los.
Com o devido respeito aos seus autores, me coloco na obrigação de dividi-los com vocês. São pinceladas preciosas que encontramos aqui e ali escondidas e aguardando que as descubram.
Vou confessar uma coisa; sou fascinada por todos os livros de língua portuguesa das fases escolares. Destrincho todos eles e me deleito com seus textos maravilhosos onde os estudantes têm a oportunidade de conhecê-los e trabalha-los em interpretações onde puxam pela criatividade e capacidade deles.
São textos de jornais, revistas, trechos de livros de nossa literatura tradicional e moderna. São pérolas que os autores disponibilizam nos livros didáticos. Amo, principalmente os livros de Português e Literatura. Passei e ainda passo minha vida a esmiuçá-los com voracidade. Então pensei em vez por outra disponibilizar no blog essas narrativas inteligentes e adoráveis que nos fazem pensar, viajar, sonhar e que servem de análise para nosso comportamento muitas vezes não apreciável.
Que os autores me perdoem e me cobrem os direitos autorais, mas se é bom, então devemos compartilhar.
Paz e muito amor para todos. Valéria Ribeiro.