sábado, 6 de agosto de 2011

Quando a solidão é usada como arma de ataque.




Bons momentos para todos!

Queridos amigos estava pensando na solidão e seus vários modos a nos acompanhar.
Temos a solidão a dois, a três na multidão e como disse Cazuza “Solidão a dois de dia faz calor, depois faz frio”... É um comichão nos atazanando querendo dizer que falta algo. Mas o que?
Na verdade vivemos nosso egoísmo onde só nos satisfazemos com aquilo que gostamos e achamos que o outro também precisa “acompanhar” esse gosto querendo que ele seja respeitado, mas não respeitamos o do outro. Claro que existem as solidões depressivas, doentias onde a emoção está fechada para qualquer coisa, não é desta que estou falando e sim da chamada solidão que se aplaca por não se ter as vontades, os desejos e as escolhas compartilhadas na hora em que elas chamam.  Isso é característico em pessoas individualistas e egocêntricas. É a chantagem principal para “arrasar” com o outro quando tem suas prioridades “desprezadas” pelos os que o rodeiam. Acontece nas melhores famílias e sempre é sofrível para elas.
Não digo que não é sofrível também para o chantagista em questão, mas o ferimento é mais grave nos que esperam dessa pessoa muito mais que satisfação de desejos.
Quando os espaços são respeitados em suas individualidades equilibrando a troca, não mais caberá a desculpa da solidão que é vinda da insatisfação de se lidar com as negações das cobranças que cada um faz em seu favor. Delicadamente e naturalmente os gostos se misturarão em harmonia, cedendo prazer para cada um, não permitindo essa tal solidão egoísta.
 Aceitar cada um como é sem cobrar mudança não deveria ser unilateral no relacionamento, seja ele qual for. Mesmo sabendo que sempre um cede um pouco mais que o outro ou até mesmo totalmente, as partes precisam se harmonizar. Vejamos alguns exemplos: Porque somos amigos não necessariamente precisamos ir à praia juntos caso uma parte não goste. Se formamos um casal, os dois não precisam madrugar juntos só porque um dos dois é adepto do esporte matinal. Se formamos uma família não precisa que todos obrigatoriamente sentem à mesa na hora da refeição porque isso significa “família”, pois família são amor e respeito mútuo e assim por diante...
A solidão se instala no indivíduo na insatisfação de ser contrariado ou na inveja de ver o outro bem em sua rotina onde não necessariamente está subjugada a ele. Seus desejos não estão incluídos naquela rotina onde o outro se sente feliz. É um relacionamento onde impera o amor equivocado, carnal e conveniente e muitas vezes quando o carnal não mais satisfaz ficando a conveniência e essa está atrelada aos desejos insatisfeitos, a solidão é a desculpa para transferir para o outro a culpa. Geralmente acontece quando uma das partes sempre esteve em situação “dominante” e se vê diante de um dominado se libertando. Isso afeta seu ego e acende a luz vermelha do “tirano interior” que vê suas presas se libertando.
Parece cruel demais, exagerado demais, forte demais, mas não é. É isso mesmo que acontece com aquele ser que estava acostumado a ditar ordens e normas individualizando a relação, cuja parte estava acostumada e mansamente aceitava, mesmo que vez em quando protestasse. Fácil perceber naquele marido que tira a esposa do trabalho e passa a “sustentar” a família achando que isso é o principal colocando-se como o rei do pedaço. Isso nos dias de hoje também acontece com muitas mulheres cujos maridos não tiveram a mesma sorte no mercado de trabalho. Quando a parte oprimida acorda e a parte opressora percebe esta usa a insatisfação, a solidão e a depressão como armas contra a rebeldia da parte oprimida, assim instalando nela o peso da culpa. Vamos acordar! Vamos amar mais, respeitar os espaços, dividir os gostos e as satisfações ou então como dizia o velho ditado... Amam-se ou deixam-se.
E como disse cazuza... "Viver é bom nas curvas da estrada solidão que nada"...
Para vocês com carinho as letras das músicas que cazuza cantava e que têm como ponto principal a solidão. Cazuza me parecia um egoísta solitário. Não estou querendo ofendê-lo, gosto de muitas de suas músicas, mas sua vida mostrou que o valor que ele dava era apenas ao seu querer achando-se indestrutível.
Paz e muito amor para todos. Valéria Ribeiro.
Composição: Cazuza
Solidão a dois de dia
Faz calor, depois faz frio
Você diz "já foi" e eu concordo contigo
Você sai de perto, eu penso em suicídio
Mas no fundo eu nem ligo
Você sempre volta com as mesmas notícias
Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder me livrar
Do prático efeito
Das tuas frases feitas
Das tuas noites perfeitas
Solidão a dois de dia
Faz calor, depois faz frio
Você diz "já foi" e eu concordo contigo
Você sai de perto eu penso em homicídio
Mas no fundo eu nem ligo
Você sempre volta com as mesmas notícias
Eu queria ter uma bomba
Um flit paralisante qualquer
Pra poder te negar
Bem no último instante
Meu mundo que você não vê
Meu sonho que você não crê

Solidão Que Nada
Composição: Cazuza / Nilo Roméro / George Israel
Cada aeroporto
É um nome num papel
Um novo rosto
Atrás do mesmo véu
Alguém me espera
E adivinha no céu
Que meu novo nome é
Um estranho que me quer
E eu quero tudo
No próximo hotel
Por mar, por terra
Ou via Embratel
Ela é um satélite
E só quer me amar
Mas não há promessas, não
É só um novo lugar
Viver é bom
Nas curvas da estrada
Solidão, que nada
Viver é bom
Partida e chegada
Solidão, que nada