segunda-feira, 16 de abril de 2012

Meio século de vida. E agora?



Bons momentos para todos!

Amigos vejam que coisa mais interessante, mas que hoje em dia é muito comum. Consideremos que também é bastante surpreendente chegar firme aos cinquenta e principalmente pensar em tal possibilidade com consciência e lucidez. Sabemos que a sobrevida dos novos tempos com os avanços da medicina e ciência permitem essa possibilidade de podermos apagar as velinhas cinquentenárias. Mas, apagar essas velinhas partindo feliz da vida, para essa nova etapa é que é a questão. Principalmente que, completar o centenário, ou seja, somar mais cinquenta anos futuro a fora é que é a dúvida. Quem não quer viver até os cem anos?
Lembro-me perfeitamente, num momento lá atrás, no primário, quando fazia o cabeçalho no caderno e colocava a data, não sei por que, veio em minha mente algo como um pensamento futurista com relação ao ano dois mil. Naquela época, chegar ao ano dois mil era uma coisa muito longe e me relatava na mente, visões fantásticas. Nem sei explicar direito, só sei que até hoje essa lembrança me acompanha.
Aqui estamos em dois mil e doze, e mesmo que a fantasia futurista de minha mente infantil, não me revelasse e nem colocasse em evidência a minha pessoa em si amadurecida e envelhecida na idade reveladora, cá estou completando cinquenta anos.
Pode até parecer que isso me incomoda, mas não é verdade. O que sinto na realidade é uma curiosidade tremenda desta nova fase em que me encaminho. O que fiz nestes cinquenta anos? Não vou citar agora, pois quem acompanha meu blog tem informações suficientes de partes de minhas experiências que se completam nos relatos referentes à parte da infância no blog paraserhumaninho. Portanto, não tratarei desta parte, mas sim das consequências dela.
Para mim, entrar na casa dos cinquenta, se resume em entrar na velhice. Simples assim. Agora, se essa velhice me incomoda é que reflito e exponho aqui. A certeza é que dos cabelos brancos que algumas vezes procuro disfarçar à depressão do envelhecimento, existe um caminhar próprio de cada um no quanto foi proveitosa essa transição evolutiva, positiva ou não. Tive minhas experiências, minhas decepções, minhas gratificações. Neste ínterim, tive meus sorrisos e minhas tristezas, minhas alegrias e minhas lágrimas, mas intimamente falando, me favoreço com a alegria de envelhecer fisicamente com serenidade e amadurecer emocionalmente com todos os altos e baixos que meus hormônios permitem.
Envelhecer pode ser fácil, se nos amamos ao ponto de valorizarmos nossas transformações, não ficando presos às ilusões da falsa juventude psicológica, onde nos transformamos em Barbies e Peter Pans numa alucinação irracional, por queremos competir com o frescor juvenil que tanto o físico, quanto a mente não permitem falsear. Ser jovem é ser jovem. Velho com mania de juventude é como suco de laranja amanhecido que perde o sabor e as vitaminas. Envelhecer com dignidade é aproveitar todas as oportunidades que cada idade nos oferece e também é o que realmente nos proporciona o amadurecimento verdadeiramente completo. Traduzo esse momento cinquentenário como uma dádiva em minha vida, pois sou produtiva, alegre, consciente, independente, culta, ex-namorada, ex-companheira, mãe, sogra, avó, madrinha e tudo mais que esses cinquenta anos puderam me proporcionar.
Hoje me sinto leve e descompromissada em disfarçar minha figura me permitindo ser chamada de senhora por alguns, tia por outros. Observo os olhares maduros a me observarem enquanto passo despreocupadamente nas ruas de minha vida e me deparo com os galanteios discretos dos observadores de meia idade e vejo que a beleza da passagem coerente do tempo é colorida pela naturalidade dos que vivem plenamente cada momento, sabendo seguir sem fantasias, sem pretensões, sem angústias. Enquanto crianças, torcemos para sermos adultos passando inconscientemente pelo desejo de ser adolescente e jovem, quando maduros, corremos atrás da juventude num retrocesso que nos fere. Quando envelhecemos, sonhamos com o passado inocente da infância descomprometido das responsabilidades que a vida e o seu tempo exige. Saber envelhecer apesar de qualquer coisa é dádiva que adquirimos na evolução de nossa alma que percebe o comprometimento de se progredir positivamente.
Em minha opinião, quando andamos na normalidade do tempo, buscamos tranquilamente as companhias coerentes a elas contribuindo com as idades menores de maneira educativa, carinhosa e produtiva. Não confundimos carências com envolvimentos. Não quero entrar no mérito da questão preconceituosa, de que, o jovem não pode relacionar-se com o mais velho ou vice versa, apenas percebi em minhas experiências, que muitas vezes, o equívoco sentimental favorece as relações conflituosas e falseadas, pois existem os limites que as idades impõem.
A única coisa que me entristece um pouco é perceber o distanciamento de algumas pessoas que fizeram parte da minha trajetória, pois mesmo eu não querendo viver de nostalgia, me dando a oportunidade em alimentar a vida madura com tudo que a vida moderna me proporciona, efetivamente todas as pessoas foram importantes para mim e gostaria que ainda estivessem ao meu lado. Tenho carinho por todas elas. Mas, isso é impossível, pois cada um tem o seu rumo a seguir e eu respeito.
No dia do meu aniversário, tentarei reunir algumas dessas pessoas e com carinho e alegria, vamos comemorar o tempo em que compartilhamos.
Gosto de me sentir cinquentenária. Chegar a essa idade de vida na matéria para mim é uma alegria e isso me fez tomar algumas decisões, como olhar para a minha saúde com carinho, ler mais, fazer exercícios, pensar com mais paciência nas coisas, fazer exercícios de raciocínio para manter a mente saudável e o que mais adoro é poder ser convocada a dar conselhos, valorizando o enriquecimento maduro de minha vivência. Sem pretensões de ser dona da verdade, gosto de poder ajudar com uma opinião ou mesmo uma colocação a respeito do que aprendi. É bom dividir o conhecimento. Também gosto de ser sincera e não ter o que esconder.






Chegar aos cinquenta com integridade é muito bom. 


Também gosto de ir ao salão de beleza, cuidar do visual com calma e serenidade. Devemos cuidar do nosso corpo com a consciência de seus desgastes e a discrição que o momento exige.
Bom! Cheguei lá e compartilho com vocês. Digo que estou feliz e gosto do que vejo quando me olho no espelho. Sinto-me inteira e completa.


E você que também chegou lá, Parabéns! Para quem ainda não chegou, meus parabéns também, pois todos os momentos são dádivas que a vida nos permite.


Paz e muito amor para todos. Valéria Ribeiro.