Descoberta, transformação e novos tempos.
Bons momentos para todos!
Queridos amigos que me acompanham
neste blog. Estive um pouco afastada, mas foi por um bom motivo. Estava
envolvida nesta minha nova fase cinquentenária, como se no meu íntimo algo
gritasse para que eu percebesse coisas novas que vinham chegando. Realmente me
sentia diferente não só nesta nova fase de vida madura, mas em tudo que se
transformava em mim e que estava me deixando em crise. Mudar transformando
conceitos, concepções, crenças, costumes é muito difícil. Quebrar tabus,
assumir verdades íntimas que vão de encontro com o que se está acostumada e com
o que está na convivência diária entre familiares, amigos e conhecidos é
difícil e pode parecer exagero, mas não é, pois os conflitos internos nas
transformações de ideias e valores são complicados e muitas vezes vivemos esses
conflitos mascarados nas atitudes angustiantes das aparências. São as máscaras
do cotidiano. Senti em mim essas mudanças que me conflitaram também, mas que ao
assumir a condição transformadora da idade me favoreceram para assumir que
mudei.
Nas minhas andanças em busca de
uma melhor compreensão da vida, como já disse anteriormente, busquei
incessantemente respostas, principalmente com relação à fé, a religiosidade e a
conduta esperada que sempre estiveram ligadas, estabelecidas e exigidas. Pelo
menos era assim que eu pensava e constatava cada vez mais na minha rotina
“disciplinada”.
Ser religiosa e ter fé eram para
mim passaporte para uma transformação de conduta disciplinada e bondosa e era
como se a religiosidade fosse pré-requisito para a “angelitude” fazendo com que
comportamentos desregrados estivessem interligados com o “pecado”. Deixar de
“pecar” era para mim condição à ascensão na escala evolutiva. Mas, na verdade
sempre me perguntava: O que seria um comportamento desregrado? Pecaminoso?
Malvado? Não caridoso? E aí meu íntimo ficava num eterno conflito no que fosse
egoísmo, vaidade, maledicência etc. Fica difícil encontrar o equilíbrio quando
se vive o conflito dos sentimentos destrutivos de autopiedade, autopunição, medo,
sentimento de culpa e muito mais, que os rigores e tabus das religiões nos
trazem e nos comandam. O desligamento desses tabus nos favorece para a
transformação que nos despertará a íntima fé na força interna do EU DIVINO.
Numa recente pesquisa, o IBGE
constatou que os sem religião aumentaram ultimamente, não os ateus, mas os que
se desligaram da religião. Não são considerados ateus, pois acreditam em algo,
são os chamados espiritualistas que estão em busca da divindade criadora
baseada na energia que em tudo está e também os que colocam em primeiro lugar a
capacidade interior de ser, fazer e poder. O deus interior e é nesta em que eu
estou.
Apesar do rigor da igreja e da fé
incontestável de Francisco de Assis, podemos dizer que ele pode ter sido o
precursor dessa nova fase na sua natural ligação com a natureza, a vida e a
integração total entre todos os seres. Na história da humanidade sempre houve
criaturas que fizeram da vida uma busca para a libertação da alma, sendo que
hoje há uma manifestação mais intensa e poderosa dessa busca do
autoconhecimento e da autolibertação. E penso que, questionar a “bondade” seja
o primeiro passo para essa descoberta. Devemos aprender a equilibrar as
atitudes “bondosas” para que elas não se tornem armadilhas que nos levarão a
prisões internas que impedirão nossa libertação. Ser bom tem limite e nem
sempre os conceitos e atitudes de bondade fazem bem ao próximo, à vida e a nós
mesmos.
Não me entendam mal, pois não
estou fazendo apologia à crueldade, nem à maldade. O que quero dizer é que
enquanto ficamos presos a pesos na consciência por nos parecermos “malvados”
acumulando sentimentos de culpa por gestos que nos estabeleceram como regras
para o paraíso, perdemos a oportunidade de crescermos e aprendermos a conhecer
e lidar com o que verdadeiramente a natureza e a humanidade esperam.
Muitas vezes vivemos conflitos
horríveis por não termos dado uma esmola, não termos subido uma favela para
“ajudar”, por não termos ido a um hospital visitar, não termos recebido um
desabrigado ou termos jogado um resto de comida fora enquanto milhões morrem de
fome e por aí vai. Colaborar, contribuir, ser beneficente e nobre nas nossas
atitudes devem estar inseridos no nosso cotidiano, em nossas atitudes e em
nossas escolhas e não devem ter padrões, mas sim, devem ser atitudes
espontâneas nas aparições da nossa estrada. E caso nossas escolhas fujam aos
ditados nas cartilhas das religiões, ótimo!
Já que a escolha deve ser nossa e não de quem ditou a regra.
Acredito no chamado espírito e
suas classificações para identificar o que penso ser energia, até porque, precisamos denomina-la de alguma forma e a
codificação de Kardec nos ajuda nisso. Ajuda-nos a ter uma orientação aceitável para começarmos a buscar, mas não confio nas “regras” estabelecidas pelos
espíritos no seu rigor de interpretação. Devemos pensar e buscar sempre. Outras
explicações existem para denominar a energia que nos guia e também gosto destas
orientações, pois para mim, não resta a menor dúvida que somos energia, que em
sua capacidade e intervenção natural esta energia conquistou méritos e se fez inteligente,
avançada, mas ainda não completa. Também penso que as experiências e a
caminhada evolutiva é que impulsionarão para um determinado objetivo. Na minha
concepção só saberemos na experiência do acontecimento em si e sempre será
individual e intransferível não seguindo nenhum padrão. Os espíritos que
ditaram as regras estavam naquele momento naquela evolução, portanto não
podemos usar como regras.
Não digo que informações mil que
temos disponíveis no “mercado” não possam trazer fundos de verdades. Só não
aceito mais que estas informações venham com regras, leis, receitas, essas
coisas que emburrecem qualquer alma literalmente as deixando “penadas” como se
classificam por aí as “almas” perdidas.
Possuo no meu carro um plástico
educativo bastante conhecido com a frase: Gentileza gera gentileza. Gosto dela,
mas vou acrescentar no final... Porém não sou idiota, até porque imaginamos
esse conceito e radicalizamos tanto em nossas atitudes, quanto nas atitudes de
quem às lê fazendo disso uma regra para literalmente explorar a nossa
gentileza. Isso é ridículo, tanto para quem oferece quanto para quem espera. Dificilmente
há um equilíbrio, pois para haver equilíbrio se exige atitude de concordância
dos dois lados e sempre se acha que está mais com a razão do que o outro.
Vejo-me literalmente no trânsito tendo que ceder a tudo e a todos justamente
por causa do que coloquei como regra para mim e para os outros, ou seja, me
coloco como gentil acima de qualquer coisa e permito que esperem de mim
gentilezas equivocadas. É disso que estou falando regras que nos fazem mal.
Isso é só um exemplo.
Ser bom, gentil, compreensivo e
tudo que se pode conceituar de atitudes exemplares, é a meu ver bastante
deturpado, tanto pelos que praticam quanto pelos que esperam essas atitudes.
Cheguei a essa conclusão e não
quero de maneira nenhuma impor isso a ninguém apenas coloco aqui como uma
descoberta minha a de que para ser boa realmente, primeiramente devo ser boa
comigo mesma e ter atitudes que me façam bem. Posso chocar com que descobri,
mas agora penso que; se algumas atitudes tristes fazem bem a alguém, é a
escolha desse alguém e ele é quem vai responder por isso, não me cabe julgar ou
me preocupar, nem tomar as dores de ninguém e muito menos comparar com o que eu
acho certo ou não. A minha escolha é a minha escolha, a escolha do outro se
deve exclusivamente a ele. Partindo daí, fica mais fácil. Portanto devo me
preocupar comigo e com o que já alcancei. Se para mim ferir alguém me faz mal,
não irei ferir jamais. Não porque é errado e sim porque me faz mal. Simples
assim. Não quero dizer que devemos ser omissos em casos que envolvam inocentes,
mas o nosso envolvimento deve ser em busca da sinceridade de nossas ideias e
valores e não para “mostrar serviço” como costumamos constatar muitas vezes.
Um dia ouvi uma música do Raul
Seixas que fala mais ou menos assim... “Faça o que quiseres que com certeza
tudo estará dentro da lei” entendi como
mensagem que na verdade não existe certo ou errado e sim o que pensamos ser
certo ou errado e que as leis são passíveis de interpretação, reajuste,
mudanças e manobras (esta é uma interpretação minha, não quer dizer que seja
isso o que Raul quis dizer). Não estabeleço regras, nem leis, nem dito
caminhos. Digo aqui só o que penso, pois para mim este blog é como um diário
onde coloco as minhas experiências e descobertas e não tem a pretensão de
influenciar nem envolver ninguém.
Voltando as regras de atitude,
sempre pensei muito nesse negócio de estar politicamente correta em tudo e isso
me deixava angustiada, pois cobrava atitudes de reconhecimento. O fato de
existir uma regra para o que é ou não é certo não trazia segurança para mim com
relação às minhas escolhas, pois muitas vezes quis literalmente mandar alguém
para “aquele lugar” e reprimi por achar “incorreto”. Tenho uma amiga que admiro
muito que não tem problemas com isso e que por isso é mal interpretada. Na
verdade ser mal interpretada hoje para mim é o de menos, pois com certeza ela
não tem pesos na consciência, já que o desabafo cuidou para que isso não
ocorresse. Simples assim. Pode ser mal educado mandar alguém para “aquele
lugar”, mas é mais verdadeiro. Angustiante é pensar, querer e não fazer. Isso
adoece. E é disso que estou falando.
Para mim estar evoluindo e de acordo com a natureza é ir descobrindo a verdade
em nós, em nossas tendências e na vontade de lidar com elas de maneira
transparente indo aos poucos esgotando-as e filtrando-as. Dessa maneira podemos
ir conquistando em fim a pureza d’alma. Para isso não precisamos ser
“politicamente corretos” e sim corretos com nosso íntimo.
Ser bondoso na verdade é ser
sincero com o que queremos naquele momento e assumir de maneira tranquila as
consequências. Se eu tivesse descoberto isso há mais tempo, com certeza não
teria sofrido muitas coisas, mas nunca ninguém nem religião nenhuma tinham
aberto algum caminho para esta descoberta. A terapia, num determinado tempo,
foi boa para mim, mas não me iluminou neste ponto e sim focou minhas angústias
nos “traumas” principalmente os relacionados ao sexual. Acho que de certa forma
perdemos tempo nesse foco, pois nem tudo é de “traumas sexuais” se estamos
fadados à reencarnação trazemos em nosso código todo tipo de problema resolvido
ou não e o sexual é um deles já que fomos reprimidos milênios a fora. Na
verdade estou descobrindo meus verdadeiros “traumas” nestes questionamentos em
que coloco em foco se devo ou não assumir minhas verdadeiras vontades e
literalmente mandar os chatos, bonzinhos falsos, religiosos reprimidos,
vaidosos arrogantes, orgulhosos decadentes, preguiçosos de plantão, fofoqueiros
e etc. para “aquele lugar” literalmente e poder dizer abertamente tudo que
penso a respeito das regras, tabus e leis que podam a capacidade de qualquer um
em pensar, crescer e libertar-se. Se a lei é de causa e efeito, por que não
podemos simplesmente viver sem essa condição de termos que favorecer o resgate
do outro sem ter dor de consciência? Andar em busca de nosso crescimento sem
prejudicar o próximo não basta? Pagar os impostos não basta? Não digo que
devemos ignorar a miséria humana, mas se cada um fizer a sua parte e não se omitir
diante das injustiças dos governantes estará contribuindo e muito para a justa
medida humanitária.
Uma boa maneira de interiorizar a
busca da tranquilidade e da capacitação na resolução de problemas é a meditação
que não nos colabora somente com o controle e equilíbrio, mas também com a
descoberta em nosso íntimo com nossos desejos de libertação. Não devemos
confundir o controle que ela nos proporciona com a aceitação de tudo. A
meditação favorece a descoberta e ajuda no nosso controle com relação ao que
realmente queremos e podemos. Chegar ao Nirvana como dizem por aí é o
equilíbrio desse controle e isso nada tem a ver com ser bonzinho ou não. Somos
bons quando conseguimos percorrer a nossa trajetória dignamente aprendendo a
identificar o que é ética, troca com a natureza e crescimento d’alma. Isso nada
tem a ver com ser bonzinho ou não.
Falamos muito do mito Jesus
totalmente perfeito e nos esquecemos do homem Jesus com seus sim, sim e não,
não.
Daqui para frente, pisou no meu
calo eu grito. Pediu licença, pensarei a respeito. O que melhor contribuirá
para o meu bem-estar? Penso, logo existo. Existo, então escolho.
Paz e muito amor para todos. Valéria Ribeiro.